Cobrando provas, Aidar dispara contra Ataíde, diz que Abílio escalava time e que Osorio mentiu
Dez dias depois de renunciar à presidência do São Paulo e a três dias das eleições, Carlos Miguel Aidar quebrou o silêncio. Em entrevista ao jornal ‘O Estado de S. Paulo', o agora ex-dirigente se defendeu das denúncias de irregularidades, cobrou provas das acusações e disparou contra muita gente.
Um de seus alvos foi Ataíde Gil Guerreiro, vice de futebol do São Paulo, que gravou conversa com Aidar e garantiu ter a confissão de uma série de irregularidades no comando do clube. Dias antes da renúncia, os dois chegaram a brigar, com o vice disferindo o soco no presidente em um hotel em São Paulo.
"Queria ajudar um amigo, que aos 70 e tantos anos está em uma situação desconfortável. Eu ia ajudar do meu bolso. Mas arrumei uma história para não deixar o Ataíde constrangido, para não parecer que era uma coisa pessoal, de doação. Inventei que vou arrumar alguém para comprar, receberia em forma de honorários."
A história que Aidar diz que inventou foi a sugestão de pagar uma comissão em dinheiro na contratação de Gustavo Cascardo, da Portuguesa, ao vice, que se revoltou. A conversa foi gravada. O ex-presidente diz que se lembra do dia - antes da vitória sobre o Atlético-PR, no Morumbi -, mas não exatamente do conteúdo.
"Eu não lembro exatamente as palavras, mas lembro algumas das coisas. Recompondo na memória, ficou nítido que as perguntas eram todas ensaiadas. Comecei a perceber que as perguntas eram específicas de pontos possivelmente polêmicos, meio que provocativos", disse Aidar.
Ataíde ainda não apresentou a conversa gravada, e Aidar garante que não há qualquer prova de irregularidade contra ele. "O meu sigilo fiscal, bancário, telefônico estão todos liberados para quem quiser, a hora que quiser. Eu não tenho nada a esconder de ninguém. Vamos investigar. Achou irregularidade? Acusa quem praticou. Não vai me achar. Porque não pratiquei nada".
Abílio Diniz - Nome cada vez mais forte nos bastidores do São Paulo, Abílio Diniz também foi assunto da entrevista, com direito a acusação de Aidar de que o empresário tentava escalar o time. Segundo ele, o auxiliar Milton Cruz recebia ligações no celular no banco de reservas.
"O Abílio ligava durante o jogo para o banco para colocar jogador, telefonava para o Milton para mudar o estilo de jogo. Quando me tornei presidente, ia ao vestiário e pedia para deixarem o celular lá antes de ir para o campo. Durante o jogo ele ligava", afirmou, acrescentando que não crê que Doriva permanecerá muito tempo como técnico tricolor. "Acho que vão querer tirar ele."
Osorio - Sobre o ex-técnico do São Paulo, Aidar admitiu ter sido responsável por enviar a mensagem que irritou o colombiano, cobrando uma "definição do time" e o "fim do rodízio". Ao se despedir rumo à seleção do México, Osorio agradeceu a todos, mas não ao ex-presidente, que agora se diz "decepcionado" com o técnico.
"Ele ficou um mês fazendo proselitismo que queria ir para uma seleção. Deveria ter dito logo. Não ficava criando esse ambiente", disse. "Ele podia ter dito antes. Eu tinha certeza que ia embora. O Osorio mentiu para a gente que estava procurando apartamento, mas não saía do flat."
Via: ESPN.com.br