Aos 35, Ricardo Oliveira dá aula de centroavante.
Não é pouco o que está fazendo Ricardo Oliveira nesta temporada. É artilheiro do Brasileiro e finalista da Copa do Brasil com o Santos, além de ter sido novamente lembrado para a Seleção Brasileira. Isso já é sabido. A questão é como o veterano centroavante está realizando estes feitos aos 35 anos.
Uma hipótese: Ricardo Oliveira acrescentou a experiência dos anos à qualidade de sempre. Como resultado, seus gols são uma verdadeira aula de centroavância: o santista tem repertório, oportunismo e movimentação de quem conhece os atalhos da grande área. Como se isso não bastasse, não perdeu a vitalidade.
Seus 25 gols no Brasileiro e na Copa do Brasil mostram a polivalência do atacante santista e sua capacidade de finalizar sem maior esforço, procurando se posicionar da melhor maneira para receber os passes de Lucas Lima, Gabriel e companhia.
Aos números: Ricardo Oliveira esteve em 30 dos 33 jogos do Santos pelo Brasileiro e em outros seis jogos da Copa do Brasil. Seus 20 gols no Brasileiro representam 37% dos gols do Santos na competição, sendo o segundo jogador que mais contribui para os gols de seu time (o primeiro é Henrique Almeida, autor de nove dos 24 gols do Coritiba).
Oliveira é o segundo jogador que mais finaliza a gol no Brasileiro: foram 46 finalizações até agora, atrás apenas de Lucas Pratto, com 49 (fonte: Footstats). Na média de finalizações por partida, o atacante santista fica em quinto: são 3,1 chutes a gol por jogo (fonte: WhoScored).
Números excelentes para um atacante veterano. Já a forma como fez seus gols na temporada traduz a grande fase do jogador.
Só no Brasileirão, Ricardo Oliveira fez seis dos seus 20 gols dentro da pequena área, sempre se posicionando no espaço vazio deixado pelos marcadores para receber um passe ou um cruzamento.
Na vitória sobre o Palmeiras no fim de semana, Ricardo Oliveira ameaçou ir para o primeiro pau e correu para o segundo, a fim de aparar de cabeça o cruzamento preciso de Gabriel.
Outro gol neste estilo aconteceu na vitória sobre o São Paulo, por 3 a 0, em que Ricardo Oliveira encontrou um espaço vazio na pequena área para receber o passe de Victor.
Quer dizer: os anos de experiência fizeram de Ricardo Oliveira um profundo conhecedor do MICROCOSMO da pequena área e dos caminhos que levam ao gol. Como se isso já não fosse o bastante, o jogador não perdeu a vitalidade, mesmo do alto de seus 35 anos.
Ricardo Oliveira tem gols na temporada em jogadas em que ele próprio roubou a bola do adversário na intermediária. Ou, como no empate contra o Atlético Mineiro no Independência, num lance de contragolpe em que ganhou de Leonardo Silva na corrida, levando algo em torno de cinco segundos para disparar do grande círculo até chegar na grande área para fuzilar o goleiro Victor.
Golaços também estão no cartel de Ricardo Oliveira na temporada. Um exemplo foi o petardo de perna esquerda na vitória sobre o Cruzeiro no Mineirão. Dos 24 gols nas duas competições nacionais, Ricardo Oliveira fez apenas dois cobrando pênalti (três, se contarmos um gol de rebote em um pênalti que ele mesmo cobrou). Quase não se vê gols em que a bola acabou sobrando de graça em seus pés, após uma falha da zaga ou rebatida do goleiro. Ricardo Oliveira procura seus gols e os faz alternando qualidade na finalização, senso de posicionamento na pequena área e explosão incomum para seus 35 anos.
Um camisa 9 como Ricardo Oliveira continuará imprescindível, mesmo com todas as transformações do futebol.